Seu maravilhoso olhar

“(…) guiar-te-ei com os meus olhos.”
Salmos 32:8

Há uma espécie de boa educação que as gerações passadas conheceram e que, apesar de rara nos nossos dias, ainda pode ser encontrada. Refiro-me à educação por meio da linguagem do olhar. Em algumas famílias, os pais ou tutores corrigem as crianças sob muitos gritos e os filhos são capazes de responder com cordas vocais ainda mais potentes e sons bastante dramáticos. Por outro lado, há outro tipo de relação em que as crianças recebem e obedecem as orientações dos pais, algumas ditas não por palavras, mas pelo olhar. Você provavelmente já viveu ou testemunhou situações como: a criança fala algo que não deveria, o pai a olha com um olhar de repreensão e ela entende: “isso não é certo”; a criança insiste em pedir algo que já lhe foi negado, então recebe o olhar firme e reconhece: “devo parar de insistir”; outras vezes, é oferecido a ela algo para comer e, sem saber se deve aceitar ou não, ela procura o olhar do pai e entende: “eu posso”. Há muitas outras situações em que a linguagem do olhar se faz presente, mas é preciso considerar que ela é construída e aprendida com o passar do tempo, através de intimidade e temor (profundo respeito). Deste modo, só o filho pode discernir o olhar do pai, sabendo que, crescer em convivência com este olhar, é o que dá segurança para confiar nele.

É curioso como as nossas relações aqui neste mundo nos ensinam sobre o nosso relacionamento com Deus. No salmo 32, Davi escreve sobre a alegria daquele que é perdoado por Deus. Se você que me lê aqui é um ser humano e não uma inteligência artificial, então você é um pecador e alguma vez já recebeu o perdão do Senhor, o que te faz bem-aventurado. A má notícia é que, enquanto vivermos aqui, estaremos sujeitos a pecar – em seu sentido literal: errar o alvo. Mas a boa notícia é que o Senhor ensinará o caminho aos pecadores e mansos (salmo 25) – e os guiará.

“Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos.” (Salmos 32:8). Instruir, ensinar, guiar… são as promessas que encontramos aqui. Instrução e educação são para aqueles que reconhecem que há algo que eles não sabem. Ser guiado, conduzido por outro, é para os que entendem que não conseguirão sozinhos. Que cada um de nós seja encontrado em posição de humildade para permitir que o Senhor realize a sua boa obra em nós.

Como falamos sobre o que ocorre com as crianças e seus pais, a nossa relação com o Pai Celeste é semelhante. O Pai promete nos guiar com o seus olhos, mas isso é para os que são filhos. O filho conhece a linguagem do olhar do pai. O bom filho recebe a mensagem que seus olhos dizem. Ele não precisa de muitas explicações diante de um olhar de aprovação ou negação, pois, envoltos no simples “sim” ou “não” que recebeu, estão as longas conversas que já tiveram em outros momentos e tudo o que eles já viveram juntos, por isso a aceitação pelo filho. De forma semelhante, nós conhecemos o olhar de Deus por meio de sua Palavra. É nela que encontramos a direção e os conselhos de Deus a respeito de como devemos nos posicionar diante das adversidades, como nos relacionar com a família e com os colegas de trabalho, como lidar com os negócios, como criar os filhos, como escolher um companheiro, como usar as redes sociais, entre tantas outras coisas. Todavia, essa relação também precisa ser construída com intimidade e temor. À medida que passamos tempo com o Senhor, conversamos com Ele em oração e permitimos que Ele fale conosco por meio da Sua Palavra, vamos aprendendo sobre o seu olhar Paternal. No relacionamento entre pai e filho a confiança vai sendo estabelecida. A criança observa que o pai é mais experiente e que a desobediência pode lhe causar feridas. Nós sabemos isso sobre o nosso Pai Eterno também. Ele é onisciente e em seu conselho não há confusão. Quando agimos segundo a inclinação de nosso teimoso coração, machucamo-nos. Mas quando decidimos obedecer e permitir que o Pai nos conduza, então o nosso caminho é de paz.

Esse Pai nos olha com um terno olhar. Ainda que conheça cada uma de nossas fraquezas, Ele não nos aponta. Seu olhos nos colocam de pé, instruem-nos, ensinam-nos e nos guiam. Que possa o nosso relacionamento com o Pai ser abundante em intimidade, temor e confiança. Só assim poderemos discernir a sua vontade para nós e sermos guiados pelo caminho eterno.

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